INFÂNCIA
V Que me aluguem enfim este túmulo caiado, com linhas de cimento em relevo
- bem fundo na terra. Cotovelos na mesa, a lâmpada ilumina muito bem esses jornais que releio de idiota, esses livros sem interesse.
- A uma distância enorme acima da minha sala subterrânea, casas se enraízam, brumas se reúnem. A lama é vermelha ou negra. Cidade monstro, noite sem fim! Menos alto, os esgotos. Dos lados, apenas espessura do globo. Talvez abismos de azul, poços de fogo. São talvez nestes níveis que luas e cometas, fábulas e mares, se encontrem. Nas horas amargas, imagino bolas de safira, de metal. Eu sou o mestre do silêncio. Por que uma aparência de respiradouro desbotaria num canto da abóbada?